Vou ser bem pessoal aqui: amo a sensibilidade de Desirée em conduzir os encontros – há um quê de filosofia da diferença – o afeto nas palavras, a felicidade em estar com todos nós mesmo à distância, eu me sinto acolhido. Quando conversamos individualmente, Desirée foi atenciosa com minha proposta e deu soluções que eu não tinha imaginado. Todos nos sentimos muito acolhidos.

O ter horário e espaço para produzir, vendo pessoas produzirem, auxilia muito na disciplina para criação. Minha potência criativa varia muito de época para época – de mergulhos intensos à paralisia. Mas ali se torna um espaço para pensar, refletir, o que ajuda nos momentos de paralisia. A equipe auxilia no sentido de sentimento de pertencimento do grupo e na organização do tempo e do espaço, das atividades, e no apoio para as questões técnicas de cada trabalho.
 

A residência artística ofereceu um ambiente estimulante para o desenvolvimento do meu processo criativo. A mentoria foi crucial para explorar novas abordagens e técnicas, e o feedback recebido ajudou a refinar minhas ideias. O apoio e os recursos disponíveis foram essenciais para enriquecer meu processo criativo, destaco ainda a importância da criação em grupo e do entrelaçamento entre projetos que torna a experiência ainda mais rica.

A residência para mim é uma entrega e uma aposta, é necessária a entrega para que seja possível criar e essa aposta para planejar fazer algo maior com objetivo de apresentar para um público, mantendo constância na criação e curtindo as trocas que ocorrem com quem também participa do processo. A mediação de Desirée instiga estes movimentos que são individuais e também coletivos, são criadores de novas formas de fazer, de ser e se ver como artista. Eu particularmente adoro a experiência.

 Somente em grupo, pude perceber aspectos do meu processo criativo, entender meu ritmo, particularidades, dificuldades e facilidades. Com a mediação de Desirée pude entender a arte enquanto processo e trabalho, compreender que o desejo dá ritmo e conduz, mas há ainda o esforço e a organização do artista para que a obra aconteça, auxiliando assim na desmistificação da arte enquanto dom. Participar da residência foi crucial para a minha formação, me motivando e impulsionando para fazer o que acredito e desejo.

A residência artística foi um divisor de águas em minha jornada criativa, proporcionando não apenas um desenvolvimento técnico, mas também um amadurecimento artístico que, sem dúvida, levarei para minha carreira futura. O ambiente colaborativo da residência me impulsionaram a buscar novos desafios e a me aventurar em projetos mais experimentais, que ampliaram minhas habilidades e repertório visual. A mediação foi essencial nesse processo, fornecendo um direcionamento seguro e encorajador.  

A Residência me proporciona diversos estopins criativos que me levam a descobertas pessoais e também me ajudam a ter uma melhor noção do contexto artístico que também faço parte. É interessante ver como o processo de todos vai tomando forma, seja ela uma sequência direta da ideia inicial, quando não o completo oposto dela. O apego e o desapego à ideia, a noção de si como artista e como nos vemos e nos sentimos quando estamos sendo observados criando,  a Residência me proporciona uma lente nova para criar e compartilhar.

 "Desmoronamento" é a palavra que define meu processo: construo muros de certezas, e minha própria arte os derruba, deixando-me sem chão. A cada reinício, há a incerteza do sucesso ou do fracasso, mas aceito essa instabilidade como parte do caminho criativo. A cada encontro na Residência, com as provocações, reflexões e desejos pulsantes, me transformo em dualidade, sinto a ira, mas sempre resulta em um êxtase transformador.